terça-feira, 17 de junho de 2008


Pina Bausch refere-se a uma "abordagem psicológica individual". Cada peça é um novo apelo para que o espectador "confie em si mesmo, veja e sinta".

Escolha de profissionais

Pina B. disse que procura "sempre bailarinos muito bons, mas estou especialmente interessada na sua personalidade, na sua sensibilidade (...) é uma viagem que fazemos juntos, porque ao início não nos conhecemos realmente e não adianta falar sobre as coisas, há que fazê-las".
Na sua opinião, os bailarinos da companhia Tanztheater Wuppertal "são todos muito especiais e todos muito diferentes".

"O que me interessa não é como as pessoas se movem, mas sim o que as move” P.B.

Ao assistir a um espectáculo de Pina Bausch, estamos perante algo de verdadeiramente genial. O movimento, a música, a teatralidade, os cenários, a iluminação, o guarda-roupa, todos os adereços e vídeo, imersos neste universo bauschiano, na “voz” de um grupo de bailarinos que a acompanham desde sempre com a capacidade de nos criar sentimentos maravilhosos.Os dançarinos em cena não dançam. Correm, gritam e riem, contam piadas. Piruetas velozes e pernas esticadas para o alto são coisas inexistentes numa encenação destas, mas existem sim, seres humanos, pessoas vivas com medos, amor, tristeza e fúria.



No princípio era o nada

A coreografa afirma que apesar de já ter encenado mais de 30 peças e criado uma nova linhagem da dança, o trabalho não se torna numa rotina e está sempre ligado a um certo risco. O medo não acaba: medo de fracassar, medo de não terminar a tempo. Afinal, "no princípio era o nada".

Difícil consentimento por parte do publico

A companhia de teatro-dança de WuppertalA da coreógrafa chocou inicialmente grande parte do público. O que ocorria no palco muitas vezes não era aquilo que constava do programa impresso. Os bailarinos não necessariamente dançavam, mas, pareciam fazer de tudo... O público expressava sua indignação vaiando ou retirando-se do recinto, sem esquecer de bater a porta. Até telefonemas anônimos com ameaças ela chegou a receber.
A ruptura de tradições foi uma tarefa árdua, sobretudo num teatro subvencionado pelo Estado. Mas Pina Bausch não se deixou dissuadir de sua concepção de dança, para a qual não existem instruções de uso. Sua versão de Ifigênia em Táuris, de 1974, foi recebida pela crítica como um dos acontecimentos mais importantes da temporada de dança.


Um mundo de artes concentradas num só espectáculo

As coreografias de Pina Bausch são baseadas nas experiências de vida dos bailarinos e conjuntamente feitas. Várias coreografias são relacionadas a cidades de todo o mundo, pois a coreógrafa retira ideias das suas tournées. A companhia tem um grande repertório de peças originais e viaja regularmente por vários países.
Os espectaculos desta condensam varias artes como a Literatura, a musica, o teatro,etc.
Em "Céu e Terra", a coreógrafa utiliza textos de vários escritores, entre eles, o Nobel da Literatura português José Saramago, recorrendo ainda a Bertold Brecht, Margarete Steffin, Ruth Berlau, Georg Büchner e recorre também á música de Norah Jones, Gustavo Santaolalla, Robert Wyatt, Club dês Belugas, Hwang Byungki, Ryoko Moriyama, Kodo, Yas-Kas, Alexander Balanescu e Thomas Hereber.

"Cada peça é diferente, mas profundamente ligada a mim" – Pina Bausch

O trabalho de teatro-dança de Pina Bausch combina tristeza e desespero calado com "a expressão calorosa do amor à vida". A Coreografa explica que "Os temas permanecem os mesmos; o que muda são as cores" Ao narrar, ela se mantém fiel a determinados princípios: ações simultâneas, marcação das diagonais do palco, repetições propositais e suspense dramático por meio de contraposições e progressões.

PINA BAUSCH

Nasceu em 1940 em Solingen, Alemanha. Em 1955 iniciou os estudos de dança na Folkwang School de Essen, obtendo o diploma em 1958. Entretanto, ganha uma bolsa para prosseguir os estudos em Nova Iorque, cidade onde reside durante três anos.Em 1962 regressa à Alemanha e integra a companhia que o bailarino e coreógrafo Kurt Jooss fundara entretanto, a Folkwang-Ballett, e da qual veio a ser, entre 1969 e 1972, coreógrafa e directora artística, para além de bailarina. Em 1973 é convidada para dirigir o Tanztheater Wuppertal, cargo que ocupa até hoje. Enquanto directora e coreógrafa do Tanztheater Wuppertal cria um grande número de espectáculos que se notabilizaram em todo o mundo, como A Sagração da Primavera (1975), Cafe Muller (1978), Nelken Cravos (1982), Masurca Fogo (1998), Água (2001), Fur die Kinder von Gestern, Heute und Morgen – Para as Crianças de Ontem, Hoje e Amanhã (2002), entre outros.